11.6.10

VIDA IV

Em 2002 era pra eu retornar ao internato, mas rumei no sentido oposto, e novamente junto com o Preto. Dessa vez fomos para a Ilha do Amor, a Jamaica Brasileira, São Luis-Ma concluir o 3º ano no colégio Adventista. Foi um ano de certa monotonia, mas, de muito aprendizado. Convivi com pessoas mais cultas e metódicas, andei por lugares mais requintados e esqueci apenas de freqüentar a praia, coisa que só aconteceu quando meus pais foram me visitar na final da copa do mundo.

2002 foi também o ano em que mais estudei. Pra se ter uma idéia, entrava na escola 7h30 da manhã e saia por volta de 11h, depois tinha que retornar 13h e só sair 7h20 (dois dias eram as exceções). A rotina era pesada e a escola exigia muito de seus alunos, principalmente os pré-vestibulandos. No geral foi um ano de poucas amizades (Pri, Bia, Manú... não vale).

Grandes lições foram acrescentadas a mim por um casal um tanto quanto raro; o “Véi Henrique” e a “tia Léo” formavam o que chamo de tampa e panela. Ela uma senhora nervosa e sistemática que sofria a beça com as constantes enxaquecas. Já ele, um velho com saúde de sobra que não fazia o menor esforço para logo logo todo mundo tá rolando de rir de suas armações. O cara era um verdadeiro altruísta; desenhista, marceneiro, escritor, fotógrafo, escultor e a parte que mais gostava nele, padeiro. E tudo que fazia era recheado de muito humor e capricho, mesmo nas horas mais sérias em que tinha que se submeter aos caprichos da tia Léo. Não vou me ater a relatar as lições que aprendi com esse querido casal, logo por que não dá pra escolher simplesmete uma.

Lembro-me que quando chegávamos da escola, exaustos e ainda de uniforme, iamos direto pra mesa saborear os pães caseiros acompanhado por uma rica vitamina ou um tratamento (como Henrique chamava o abacaxi batido puro no liquidificador). Lembro-me também das tardes de sábado, enquanto o Preto saia com a tia Léo para o ensaio do grupo da igreja, eu e o véi ficávamos fazendo o que ele definia como “trabalho missionário para mim mesmo”, e no final do dia acordávamos “bêbados”. E na hora de comer toda a vizinhança sabia; “bóra comer macacada”, gritava ele.

Foram detalhes indescritíveis, experiências reais e alguns deslizes que ao longo do tempo foram se juntando a tantos outros já cometidos e que formaram essa composição desequilibrada que me moldou e me concebeu.

Um comentário:

  1. sem contar que o "macacada" era com eco. o lugar de acesso ao nosso quarto mais parecia uma caverna. bons registros. abraço!

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