8.5.11

MÃE! QUE SOU EU?

Minha mãe não está por perto. Aliás, tem sido assim nos últimos 11 anos.

Neste domingo participei de uma programação na igreja em que congrego. E fiquei imaginando no turbilhão de sentimentos que permeia o ambiente entre filhos e mães; é mãe chorando e abraçando filho, é filho cantando aquela música antiga que a mãe colocava pra cantar quando ainda criança, são lágrimas de saudades, de emoção, de dor, sentimentos a flor da pele.

E eu...
Eu estava ali, sentado, quieto tentando remeter meu pensamento a um outro lugar, uma outra época; época de menino quem sabe. E tal época faz parte de uma ínfima e quase extinta lista de coisas que ainda me tocam a emoção, me deixam sensível; eu gosto de minha infância.

Confesso que nesses últimos 11 anos a temperatura de meu coração baixou, aqui dentro ficou algo frio. E isso fica notório quando chega essas datas de mãe, ou coisas do tipo. É triste admitir isso, mas é fato, é real.

Queria voltar a ser normal. Sendo bem específico, já faz anos em que tenho vontade de chorar de saudades de minha mãe no Dia das Mães. Houve anos em que não tive tal vontade, por motivos que nem sei. Só acho que seria uma atitude normal de minha parte, o choro. Aliás, nem sei se um dia fui alguém normal. Mas me lembro que já chorei, por duas ocasiões que não foi Dia das Mães, mas já chorei de saudades de minha mãe. Hoje, o máximo que faço é enviar um SMS meio que pessoal, meio que impessoal, ou então ligo como se fosse um dia qualquer e no final digo um “feliz Dia das Mães”. Algo pequeno, medíocre e, por que não, vergonhoso. Assim acho. Assim é: v-e-r-g-o-n-h-o-s-o.

E sabe meu maior medo nesse aspecto? é de que tudo aqui dentro congele, se petrifique, e ai será tarde demais. Pior é que uma reviravolta só depende de mim, ninguém mais. É a vida.

E então me perco em pensamentos que só o tempo me dirá se ficarão presos ou serão libertos deste túmulo empoeirado chamado coração.