23.6.10

CULPA DELA (FINAL)

Tem duas semanas que tento me demitir e não consigo, e pra miorar o chefe viajou e só retorna no domingo. Então, de 2ª feira não passa. O motivo? Vô voltar pra Imperosa. O motivo? Enfim, vou cursar Odonto. O motivo? Ah, fala sério, acho que é a única coisa que pensei em ser quando ser grande que ainda não experimentei ou já.

Há dois domingos, foi ela. Neste último foi minha vez. Vou confessar que não fiquei nervoso, mas muito constrangido quando apareceu o Isaque e o Preto filmando a cena. Foi um tanto quando inusitado, mas com uma pitada de bom humor. O fato é que eu e Lisly estamos noivos. E eu que só pretendia me casar lá pelos 35 me vejo agora engolindo mais de 10 anos de diferença.

Ai me perguntam: “o que vc veio fazer por essas bandas já que vai retornar pra o lugar de onde veio?” Ora bolas, nem preciso responder que tenho uma pesada sensação minha vinda pra cá foi tudo culpa dela.

Não haverá festa ou algum tipo de extravagança pra comemorar o feito, apenas um simples almoço em familia pra oficializar. Na ocasião também tracaremos os anéis de tucum por outros de verdade.

Ps.: Caso essa noticia estimule alguma espécie de dúvida, terei o enorme prazer em esclarecer uma a uma.

17.6.10

CULPA DELA II

Foi num domingo a noite, quando tudo conspirava contra, que a coisa ficou suculenta. Vou explicar por que.

Eu tinha chegado de viajem no sábado de madrugada ainda sofrendo de uma terrível infecção intestinal (leia-se disenteria) que me atormentou durante todo o evento ocorrido em Marabá (brigado Késya, Naile). No domingo a noite já tinha decidido não ir à igreja por causa disso, mas no final das contas acabei indo por motivos não justificáveis naquele momento. Terminado o culto a turma combinou em ir tomar um caldo. Ai pensei: “lascou-se, já to mal, se eu for tomar caldo eu termino de me desmanchar”. Se é que me entendem!! Mas acabei indo, talvez motivado pela presença dela. Por lá, acabei passando mal sem ninguém perceber. Fui ao banheiro somente enxugar o suor e retornei à mesa. Depois de tomar uma tigela inteira de caldo de mocotó fui deixá-la em casa. Ficamos batendo um papo não me lembro sobre o que por um bom período. Foi então que ousei perguntar: “O que ta faltando pra gente namorar?” ela deu uma entortadinha na cabeça seguido por um elegante sorriso. E foi nesse momento que eu... vocês sabem né?!

Não me lembro como me despedi dela naquela noite; se já marquei o próximo encontro ou se só disse “a gente se ver”. Só sei que dias depois ela me confessou algo que me causou arrepios. Naquele mesmo dia ela havia batido um papo com Deus e disse a Ele que eu tava enrolando demais e se nada acontecesse naquela noite de domingo, nada mais aconteceria nas seguintes por decisão própria. Foi ai que entendi o por que tudo aconteceu da forma como aconteceu diante das situações desfavoráveis.

Dia 15 de março fizemos um ano de namoro (acho que ela só levou uns seis meses para me plantar essa data na cabeça). A gente já passou por pedaços gramado e outros espinhosos, mas vamo que vamo. E eu num vou escrever uma extensa prosa sobre a pessoa da Lisly por que num sou muito chegado ao romantismo, embora me sinto mais caído a isso do que antes. Logo por que, agora sim, chegou a parte final dessa história e a que realmente importa desde o post VIDA I.

Então se segura ai...

16.6.10

CULPA DELA

Mesmo antes de começarmos a namorar, já tínhamos uma relação de bastante cumplicidade. Na verdade passei uns 3 ou 4 meses enrolando, pesquisando, conhecendo, observando os detalhes nos gestos e nas entrelinhas das palavras. A cada saída, a cada conversa sobre qualquer coisa nos conhecíamos um ao outro.

A primeira vez que nos falamos foi um “boa tarde” após um JA. Depois tivemos nosso primeiro diálogo na frente da igreja após um culto de domingo. Dias depois fiquei surpreso ao ver que ela havia feito uma “progressiva”, que a tornou mais pouquinha do que já era. Foi nesse dia que fiz um comentário sobre seu cabelo como desculpa pra pedir o número do cel dela. O primeiro torpedo que enviei á ela foi numa 2ª feira. Não me lembro o teor completo da msg, só sei que terminava assim: “tenha uma ótima 2ª feira. Se é que se pode ter uma ótima 2ª feira”. Pronto, daí pra frente todos os dias trocávamos torpedo sempre antes de irmos trabalhar e pelas altas horas da noite. Um dia confessamos um a outro que aquilo havia se tornado um vício.

15.6.10

VIDA VI

Era pra ser só uns dias de folgas, mas as coisas foram tomando rumos distintos. Passei uns 20 dias com o Preto e retornei uns 40 dias depois pra passar uma temporada em Parauapebas. Pensei: “vou ficar ganhando uma grana enquanto a greve não termina”. Porém a greve acabou ainda em dezembro, mas decidi permanecer por essas bandas e oficializar minha saída definitiva do curso de História. O que se sucedeu quanto a minha vida operária muita gente já sabe por aqui e aqui.

De cara fui adotado por minha prima Elinêz e seu esposo (raramente ainda se escreve isso) Robert não mediram esforços para que eu tivesse de fato um lar longe do meu. Mas como moravam distante do trabalho minha segunda casa passou a ser um AP alugado pelas Anas que depois acabou sendo ocupado por mim e pelo Preto após a saída delas. Ana Carla e Ana Tereza, seria injustiça não dedicar ao menos umas poucas linhas à essas duas figuras raríssimas, e quem as conheceu sabe muito bem do que tô falando. No decorrer de minha incerta vida blogueira, quem sabe não posto mais detalhes sobre nossas andanças e micos marcados na noite parauapebense. Hoje uma é pedagoga e a outra concluiu o curso de administração, ambas em uma das mais conceituadas universidades de São Paulo. Mas ainda quero pagar, não sei como, tudo que ambas fizeram por mim. 

Margô, Edmar, Day, Lô, IBG, Késya, Francisco e Rose I, Rodrigo e Rose II, Álison...e outros que estou mais uma vez cometendo a injustiça de esquecê-los sem intenção. Alguns desses nome citados já passaram por aqui, não á toa.

Em Canaã o número de nomes é reduzido, mas cai dentro Francisco, Dudu, Daiana, Rosália e a “irmã” (já disse à ela que nunca vou conseguir decorar o nome dela), Geyce, Jonas, Léia...

Ao longo desses quase três anos, muita coisa aconteceu: tive meu primeiro emprego de verdade, conheci melhor a capital Belém, viajei pela primeira vez de avião, vi o Lula pessoalmente, me roubaram uma moto, levei minha primeira mordida de cachorro (pior que a mordida foi o Fernegã), cantei a beça no Lume, minhas entradas na testa aumentaram, assim como surgiu uma acentuada barriga que ninguém leva à sério, e também conheci a Lisly.

Na verdade essa enrolação toda de parte da minha VIDA foi só pra chegar em outra enrolação que começa a partir do próximo post que essa sim, levará ao ponto que de fato quero chegar.

Ps.: essa vai ser menor, prometo. A partir de agora também, os títulos passam a ser formados por duas palavras. por que? sei lá!!

12.6.10

VIDA V

Acabei não passando no vestibular 2003 e retornei pra São Pedro na intenção dizendo eu de estudar para o próximo vestibular. Mas durante todo o ano de 2003 e metade do outro coisa que eu não fiz foi estudar. Dediquei a maior parte de meu tempo ao Clube de Desbravadores, uma entidade do igreja a qual pertenço semelhante ao Clube de Escoteiros. Foi um período de aventuras e armações que farei questão de descrever algumas no decorrer de minha vida blogueira.

Mas foi nesse período em que amadureci a idéia do que realmente queria ser quando crescer. A minha primeira tentativa foi Odontologia. Aliás era o que já tinha decidido fazer há tempos e confesso que parte disso se deve a profissão de meu pai (protético). Mas então veio a idéia de tentar pra outras áreas. Então no final de 2004, por idéia e apoio oferecido pela Núbia, fui fazer cursinho em Imperatriz e de fato estudar. Me inscrevi novamente pra Odonto na federal e resolvi fazer pra História na estadual. E mais uma vez não passei pra Odonto, mas aprendi uma grande lição que já tinha a impressão de que já sabia; você deve dormir (descansar) bem na noite anterior à prova, e não ficar assistindo filme até 4h da madrugada, caso contrário o resultado vai ser uma boa soneca regada de muita baba em cima da prova. E nem vou perder tempo dizendo que foi exatamente isso que aconteceu comigo.

Pra História, me preparei melhor e acabei passando. A sensação de ser universitário foi doce. Eu me entreguei de corpo e alma aos mundos e submundos da filosofia, da sociologia, naveguei por Freud, Kal Marx e tantas outras neuras mirabolantes. Nessa fase conheci pessoas importantes pra mim e convivi com outras figuras repetidas.

Devo muito à Núbia, Wenner, Fabiano, um casal que esqueci o nome e Luciana, quanto a moradia. Devo muito à Ana Cléia no que diz respeito aos trabalhos escolares e guardo com carinho nossas conversas filosóficas sobre a vida. Com Simone também dividi momentos de muito entretenimento e afazeres da igreja com planos que nunca colocamos em prática (rs). É claro que no meio disso tudo eu tô esquecendo de outras tantas que foram costelas pra mim.

O fato é que aproveitei a greve iniciada às vésperas do Dia das Mães no ano de 2007 e em julho decidi visitar o Preto em Parauapebas-Pa.

11.6.10

VIDA IV

Em 2002 era pra eu retornar ao internato, mas rumei no sentido oposto, e novamente junto com o Preto. Dessa vez fomos para a Ilha do Amor, a Jamaica Brasileira, São Luis-Ma concluir o 3º ano no colégio Adventista. Foi um ano de certa monotonia, mas, de muito aprendizado. Convivi com pessoas mais cultas e metódicas, andei por lugares mais requintados e esqueci apenas de freqüentar a praia, coisa que só aconteceu quando meus pais foram me visitar na final da copa do mundo.

2002 foi também o ano em que mais estudei. Pra se ter uma idéia, entrava na escola 7h30 da manhã e saia por volta de 11h, depois tinha que retornar 13h e só sair 7h20 (dois dias eram as exceções). A rotina era pesada e a escola exigia muito de seus alunos, principalmente os pré-vestibulandos. No geral foi um ano de poucas amizades (Pri, Bia, Manú... não vale).

Grandes lições foram acrescentadas a mim por um casal um tanto quanto raro; o “Véi Henrique” e a “tia Léo” formavam o que chamo de tampa e panela. Ela uma senhora nervosa e sistemática que sofria a beça com as constantes enxaquecas. Já ele, um velho com saúde de sobra que não fazia o menor esforço para logo logo todo mundo tá rolando de rir de suas armações. O cara era um verdadeiro altruísta; desenhista, marceneiro, escritor, fotógrafo, escultor e a parte que mais gostava nele, padeiro. E tudo que fazia era recheado de muito humor e capricho, mesmo nas horas mais sérias em que tinha que se submeter aos caprichos da tia Léo. Não vou me ater a relatar as lições que aprendi com esse querido casal, logo por que não dá pra escolher simplesmete uma.

Lembro-me que quando chegávamos da escola, exaustos e ainda de uniforme, iamos direto pra mesa saborear os pães caseiros acompanhado por uma rica vitamina ou um tratamento (como Henrique chamava o abacaxi batido puro no liquidificador). Lembro-me também das tardes de sábado, enquanto o Preto saia com a tia Léo para o ensaio do grupo da igreja, eu e o véi ficávamos fazendo o que ele definia como “trabalho missionário para mim mesmo”, e no final do dia acordávamos “bêbados”. E na hora de comer toda a vizinhança sabia; “bóra comer macacada”, gritava ele.

Foram detalhes indescritíveis, experiências reais e alguns deslizes que ao longo do tempo foram se juntando a tantos outros já cometidos e que formaram essa composição desequilibrada que me moldou e me concebeu.

4.6.10

VIDA III

Foi no internato que tive minha última briga com o Preto (o resultado foi um ferro de passar roupas indo aos pedaços), foi no internato que pela primeira vez tive que lavar minha roupa, foi no internato que vivi a real experiência de acampar na selva Amazônica e foi do internato que voltei pra casa no primeiro ano com duas camisas (uma na mala e outra no corpo) e três calças (meias e cuecas, não me recordo).

Foram detalhes indescritíveis, amizades sólidas, experiências reais e alguns deslizes que ao longo do tempo foram se juntando a tantos outros já cometidos e que formaram essa composição desequilibrada que me moldou e me concebeu.