Estava eu na Cemar tentando resolver uma pendência de um antigo inquilino do “meu” novo ap. Estava em período de aula, portanto, me trajava de branco. Foi então que fui surpreendido por uma velhinha que já me intrigava pela forma com me olhava enquanto andava pra lá e pra cá (impaciente mesmo. Tava em aula, pô) ou colhia algumas informações com um atendente. A velhinha me puxou pela camisa, e é claro que tomei um baita susto, me fez sentar á força na cadeira ao lado da dela e por cinco segundos me olhou no fundo dos olhos.
- Você sabe que ninguém é um, né?
- Hãn?
- É! Ninguém é um, todo mundo é dois.
- Como assim? (ainda com cara de “tá doida velha?”).
- Você é médico? Enfermeiro? (ela sugeriu outras profissões, menos dentista e muito menos estudante de dentista).
- Sou um futuro dentista; estudante de odonto.
- Eu tenho um neto, ele é estudante de medicina e ele é tú meu fi (sic).
- É? (eu já me acabando de rir).
- Eu estava te observando e você anda como ele, fala igualzinho a ele e, olha ai; senta igualzinho a ele (sentava de perna cruzada tipo bichona);
É claro que fiquei meio embaraçado e pra meu alívio ou não minha senha foi chamada. Perguntei apressadamente o nome dela (não lembro mais. Coisa típica minha) e fui com a velhinha na mente. Na verdade não sei bem se ela estava certa ou não, mas que a ideia me intrigou, ó se intrigou, na mesma proporção em que creio piamente que sou único, insubstituível e exclusivo, assim como cada ser. É, creio nisso, sem tirar a razão da velhinha que talvez nunca mais a veja.