2.3.10

MEDO

Domingo à noite foi a primeira vez que tive a intenção de sair com Lisly desde o B.O. resultante de uma arma em punho, de uma moto levada em plena praça e aos olhos de dezenas de espectadores. Mas pasmem, não consegui. E olha que ainda não era sequer 20h.
Fiquei olhando a praça de cima, do apartamento onde meu irmão mora, mas não consegui “entrar” nela. Senti arrepios, enrolei o tempo, driblei a coragem, me acovardei. Foi uma sensação inédita, mas que nunca queria ter sentido. “Deixa em compartilhar contigo teus pensamentos, vai! Diz pra mim o que se passa em sua mente?!”, e ai eu compartilhei o nojo que começava a sentir por aquela cidade, por aquela praça, por aquele pedaço do estacionamento.

Fomos à igreja e de lá direto pra casa dela. Em certo momento a preocupante pergunta soou com brandura pela segunda vez: “O que foi meu bem?” então eu admiti de uma vez que, a minutos atrás, eu senti medo da noite parauapebense, desconfiei de todos os olhares desconhecidos, de todas a atitudes apressadas e repentinas de um estranho qualquer, todos passaram a ser suspeitos, e eu a vítima.

Talvez se as ruas estivessem vazias eu me sentiria mais seguro.

Isaque me levou pra casa em segurança sem ele mesmo saber disso, e em troca teve uma rápida mas proveitosa conversa com alguém que aparentemente estava feliz e até sarcástico.

Não sei se existe um nome pra isso, e eu sei que é cedo demais pra admitir isso, mas tenho medo disso ser contínuo e de não descobrir o que é isso de fato.

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