9.5.10

VIDA I

Foi numa pequena e monótona cidadezinha do interior do Maranhão à beira do rio Tocantins que passei grande parte de minha infância. O lugar não tinha muitas opções. Só pelo nome da cidade dá pra se ter uma idéia; São Pedro da Água Branca, e nem me pergunte o por que desse nomezão grandão e sem sentido. Mas para um garoto se sete anos qualquer espaço se torna um prato cheio.

Minha vida se dividia entre os amigos da igreja e os amigos da escola. Mas vou me reter nessa última. Da 2ª até a 7ª estudei na escola mais procurada do município, conhecida por CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade...acho que é isso.). A escola era mantida pela então mineradora CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), hoje somente Vale, e por isso os únicos com oportunidades de estudar nela, ou teriam que ser filhos de funcionários da Vale, ser um “filho de papaizinho”, ou passar numa espécie de vestibular para concorrer a uma das poucas bolsas que a escola disponibilizava para a comunidade. E foi nessa última que me encaixei (eu acho). Enfim.

Durante sete ano (na 8ª a escola já não era mais administrada pela Vale, mas a estrutura e os servidores eram os mesmos) eu, Roberto, Jean, Gilciney e Wallace formávamos uma panelinha dos pseudos-CDFs da sala. Éramos os, digamos, metidos a nerds da turma, com exceção de mim que vez ou outra manchava a “categoria” por sempre está metido em brigas, principalmente nas partidas de futsal na hora recreio. Quase todo dia era uma encrenca diferente e em quase todas elas lá estava o “irmão Nonato” assinando o termo de advertência. Pra se ter uma idéia, no meu 3º dia de aula na escola, eu novato, quebrei o nariz de um elemento só pelo fato de ele ter perguntado “quem é o orelhudo ai da frente?” em plena hora do hino nacional. Foi uma confusão geral. Fui suspenso 3 dias. O nome do cidadão era Wallace, isso mesmo, o cara que depois fez parte da mesma “turma” que eu e anos depois dividimos o mesmo quarto no internato e jogamos tênis de mesa em São Luis. Por mais que todo mundo tentasse me ferrar, inclusive alguns professores, por ser insuportável, eu sempre me safava graças ao respeito que meu pai adquiriu em tão pouco tempo na cidade.

Tinha um cara na minha sala chamado Rosiel, mas ninguém o chamava pelo nome – com exceção dos professores – todos só o conheciam por “amansa-jegua” ou simjplesmente "amansa". O apelido surgiu quando ele chegou na aula de Educação Física todo ralado e sangrando. Na verdade ele morava em uma fazenda e na estrada levou uma queda de bicicleta. Mas a versão que ficou foi a de que ele estava “amansando” uma jegua (na verdade acho q nem existe jegue do sexo feminino). Não, dessa vez não fui eu quem pôs o apelido, foi o próprio professor.

O indivíduo era bem maior que eu, aliás, em termos de tamanho eu só perdia pro nanico do Gilciney. Pois bem, o “amansa” (acho pouco provável que ele veja isso algum dia) era meu eterno alvo de encrencas, eu sempre procurava um meio de provocá-lo sabendo que se ele viesse pra cima era mais uma redenção a meu favor; ele sempre apanhava.

Foram detalhes indescritíveis, amizades sólidas, experiências reais e alguns deslizes que ao longo do tempo foram se juntando a tantos outros já cometidos e que formaram essa composição desequilibrada que me moldou e me concebeu.

Um comentário:

  1. Tenho acompanhado seu blog com muita frequência,confesso que me divirto e as vezes me emociono com suas histórias da vida 'real',e põe real nisso!
    E mesmo te conhecendo há muitos anos ainda me assusto com suas travessuras do passado.Mas por outro lado aposto que vc se divertiu muito,e tem gente nunca vai se esquecer de Vc....rs
    Saudades...Um forte abraço e um xero.Audian Oliveira.

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